CEO da AWS alerta sobre riscos da substituição de jovens por IA nas empresas

Matt Garman, CEO da Amazon Web Services, discorda das previsões de eliminação de vagas de nível júnior devido ao avanço da inteligência artificial.

19/12/2025 18:00

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Matt Garman, CEO da Amazon Web Services (AWS). Imagem: Reproduçã...

Impacto da Inteligência Artificial no Mercado de Trabalho

A rápida evolução da inteligência artificial (IA) tem gerado preocupações sobre suas consequências no mercado de trabalho, especialmente para profissionais em início de carreira. Enquanto alguns líderes do setor preveem a eliminação em massa de vagas de nível júnior, o CEO da Amazon Web Services (AWS), Matt Garman, discorda dessa visão, considerando-a uma estratégia errada que pode prejudicar o futuro das empresas.

Em uma entrevista à revista WIRED, Garman destacou que substituir desenvolvedores juniores e outras funções de entrada por sistemas automatizados é uma das decisões mais equivocadas que uma organização pode tomar. Ele argumenta que essa escolha não apenas falha em trazer ganhos reais de eficiência, mas também enfraquece a formação de um pipeline de talentos e compromete a capacidade de inovação a longo prazo.

O Valor dos Profissionais Iniciantes

Garman enfatiza que os profissionais em início de carreira representam o menor custo salarial nas empresas e trazem conhecimentos atualizados, familiaridade com ferramentas digitais e disposição para experimentar novas abordagens. Ele acredita que eliminar esses postos e concentrar equipes apenas em profissionais mais experientes não é uma estratégia financeiramente viável nem sustentável para as organizações.

Além disso, o CEO da AWS ressalta a importância formativa dessas posições. Empresas que não contratam jovens profissionais perdem a chance de desenvolver talentos internamente, promover mentorias e estabelecer uma base sólida para o futuro. Sem esse processo contínuo de formação, as organizações correm o risco de estagnar e enfrentar uma escassez de novas ideias.

Visões Divergentes no Setor

A opinião de Garman contrasta com as declarações de outros líderes do setor, como Dario Amodei, CEO da Anthropic, que alertou sobre o potencial da IA para substituir trabalhadores em funções iniciais. Jim Farley, CEO da Ford, também afirmou que a tecnologia pode eliminar até metade dos empregos de colarinho branco. Essa divergência de opiniões destaca diferentes abordagens sobre a integração da IA nas estruturas de trabalho.

Pesquisas acadêmicas indicam que o impacto da IA sobre profissionais mais jovens já está se concretizando. Um estudo da Universidade de Stanford revelou que a “revolução da IA” tem afetado desproporcionalmente trabalhadores em início de carreira nos Estados Unidos, especialmente engenheiros de software e profissionais de atendimento ao cliente, que estão entre as funções mais suscetíveis à automação no curto prazo.

Desafios e Oportunidades na Amazon

Apesar de defender a preservação dos cargos de entrada, a Amazon também passou por um ciclo recente de demissões, cortando cerca de 14 mil postos de trabalho, principalmente em cargos de média gerência. No entanto, a empresa evitou associar esses cortes diretamente ao avanço da inteligência artificial. O CEO da Amazon, Andy Jassy, afirmou que as demissões estavam relacionadas a um esforço de eficiência após um período de crescimento e à necessidade de corrigir desalinhamentos culturais internos.

No contexto da AWS, a discussão sobre IA e força de trabalho é ainda mais relevante, uma vez que a unidade é uma das principais fornecedoras globais de infraestrutura para aplicações de IA e emprega milhares de engenheiros e especialistas em nuvem. Garman sugere que, mesmo em um ambiente altamente automatizado, o papel dos profissionais humanos, especialmente os mais jovens, continua sendo estratégico.

Construindo um Futuro Sustentável

Para Garman, a questão central não é escolher entre pessoas ou tecnologia, mas sim desenvolver modelos organizacionais que integrem o uso da IA com o contínuo desenvolvimento de talentos. A eliminação de cargos de entrada pode comprometer essa dinâmica e gerar efeitos negativos que se manifestam anos depois, quando a falta de renovação impacta a capacidade de crescimento das empresas.

Fonte por: It Forum

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