Como a AGI se tornou a “grande teoria” que rege a tecnologia atual

A discussão sobre inteligência artificial geral (AGI) se torna central nas narrativas do setor de tecnologia, segundo a MIT Technology Review.

04/12/2025 15:20

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AGI

Inteligência Artificial Geral: Uma Narrativa em Ascensão

A discussão sobre a inteligência artificial geral (AGI), que se refere a máquinas capazes de igualar ou superar as habilidades humanas em diversas tarefas, tornou-se central nas conversas do setor tecnológico. Uma investigação recente da MIT Technology Review sugere que essa ideia evoluiu de uma hipótese distante para uma narrativa que influencia mercados, direciona bilhões em investimentos e molda políticas de maneira crítica.

O repórter Will Douglas Heaven revisita a evolução da AGI, desde seus primeiros defensores, que eram vistos como excêntricos, até a atualidade, onde líderes como Sam Altman, Demis Hassabis e Dario Amodei consideram o tema como um destino inevitável. A promessa da AGI é grandiosa, prometendo desde curas para doenças até a criação de uma era de abundância, coexistindo com narrativas apocalípticas que alertam sobre riscos existenciais.

Da Marginalização à Centralidade no Vale do Silício

O termo “inteligência artificial geral” começou a ser utilizado nos anos 2000 em círculos alternativos de pesquisa em IA, com contribuições de figuras como Ben Goertzel e Shane Legg, cofundador da DeepMind. Inicialmente, discutir AGI colocava os pesquisadores em uma posição marginal, associada mais à ficção científica do que à ciência. No entanto, a situação mudou quando a DeepMind adotou o conceito e autores como Nick Bostrom começaram a popularizar cenários de superinteligência e riscos extremos.

Discussões online, lideradas por Eliezer Yudkowsky e a comunidade racionalista em fóruns como LessWrong, atraíram jovens engenheiros e empreendedores, muitos dos quais hoje ocupam posições de destaque em empresas líderes do setor. Essa intersecção entre academia, cultura da internet e capital de risco ajudou a legitimar o conceito de AGI, criando um ambiente propício para o surgimento de startups como OpenAI e Anthropic, que têm como objetivo desenvolver e “controlar” a AGI.

Um aspecto crucial da AGI é a falta de uma definição consensual. Modelos que resolvem problemas específicos não são equivalentes a sistemas que raciocinam e aprendem em qualquer contexto. Essa indefinição torna a AGI um alvo móvel, suscetível a interpretações variadas e adaptável a diferentes narrativas.

Impactos de uma Ideia Ambígua

A busca pela AGI tem gerado um direcionamento massivo de recursos para data centers e pesquisas, muitas vezes em detrimento de aplicações mais urgentes e comprovadas da IA. Heaven argumenta que empresas e governos estão sendo atraídos por visões grandiosas de uma tecnologia hipotética, enquanto questões concretas como desigualdade, privacidade e impactos econômicos imediatos recebem menos atenção.

Além disso, a narrativa de que “alguém precisa chegar primeiro” influencia decisões de investimento e regulações, priorizando riscos existenciais distantes em vez de problemas regulatórios imediatos, como o uso indevido de dados e a concentração de poder em poucas empresas. A MIT Technology Review conclui que a ideia de AGI atua como uma força cultural e econômica, atraindo talentos e justificando investimentos trilionários, tornando-se um mito funcional que impulsiona projetos ambiciosos e legitima a autoridade de quem afirma estar moldando o futuro.

Fonte por: It Forum

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