Cultura e colaboração: o verdadeiro escudo da cibersegurança
Claudio Martinelli alerta sobre 475 mil novas ameaças cibernéticas diárias no IT Forum Na Mata Cibersegurança em Itapevi (SP).
Aumento das Ameaças Cibernéticas e a Escassez de Profissionais
Diariamente, surgem 475 mil novas ameaças cibernéticas em todo o mundo, um dado alarmante apresentado por Claudio Martinelli, vice-presidente da Kaspersky para as Américas, durante o IT Forum Na Mata Cibersegurança, realizado em Itapevi (SP). O evento reuniu líderes de tecnologia e segurança da informação para discutir a governança e a segurança em um cenário complexo, marcado pela escassez de talentos e o crescimento das ameaças virtuais.
Atualmente, há uma carência de aproximadamente 4,5 milhões de profissionais de segurança globalmente, sendo 300 mil apenas no Brasil. Essa situação crítica torna a terceirização uma estratégia necessária, desde que realizada de forma responsável e com uma cultura organizacional sólida.
Governança e Cultura de Segurança
Os especialistas concordaram que a parceria na segurança exige maturidade e uma cultura bem definida. Valdemir Silveira, CEO da APIPASS, comparou o gestor de segurança a um maestro, enfatizando a importância de regras claras sobre responsabilidades. Daniel Bragion, CEO da Buildbox, ressaltou que a segurança deve ser uma cultura transversal, e não apenas um atributo técnico, destacando que a governança não deve ser sacrificada em nome da terceirização.
Para garantir a segurança, é fundamental estabelecer padrões e auditorias que definam o nível de risco aceito por cada empresa, refletindo diretamente em seus negócios. O equilíbrio entre segurança e usabilidade também foi um tema central, com Martinelli afirmando que a segurança deve ser integrada desde o início, como um airbag em um carro.
Inteligência Artificial como Desafio e Oportunidade
A discussão se aprofundou na relação entre segurança digital e inteligência artificial (IA), com participantes alertando sobre o uso de ferramentas de IA sem supervisão da TI, um fenômeno que se intensificou durante a pandemia. Martinelli sugeriu a compartimentalização de acessos e a restrição de privilégios para mitigar riscos. Lopes destacou que o uso autônomo de IA pelos usuários pode ser perigoso, enfatizando a necessidade de educar as equipes e fornecer as ferramentas adequadas.
O debate também abordou como a IA pode ser uma aliada na auditoria e no treinamento, com Bragion mencionando o uso da tecnologia para testar códigos e reduzir falhas humanas.
Desafios Jurídicos e Éticos da IA
Um dos pontos mais debatidos foi a responsabilidade em casos de erro da IA, levantando questões sobre o vácuo legislativo atual. A IA generativa, sendo uma tecnologia baseada em probabilidades, torna difícil a responsabilização. Martinelli defendeu a necessidade de “freios e contrapesos” legais e éticos para evitar consequências indesejadas, enquanto Lopes reforçou a importância da validação humana antes da implementação de qualquer código.
Soberania de Dados e Cibersegurança no Brasil
O painel também abordou a soberania digital, destacando a importância de políticas públicas e investimentos em IA no Brasil. A estratégia federal de IA, que prevê bilhões em investimentos, e o projeto do Governo de São Paulo para processar dados na infraestrutura estatal foram mencionados como tentativas de manter os dados sob jurisdição nacional. Martinelli enfatizou que, no século XXI, a riqueza está nos dados, que devem ser protegidos contra legislações externas.
Embora o debate sobre cibersegurança continue, a conclusão é clara: a segurança digital requer empatia, educação e um propósito coletivo para ser efetiva.
Fonte por: It Forum
Autor(a):
Redação
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