Empresas de TI oferecem 25% a menos para mulheres programadoras
Estudo do Observatório Softex revela que somente 19,2% dos especialistas em TI no Brasil são mulheres.
Desigualdade de Gênero na Tecnologia no Brasil
A quarta edição do estudo W-Tech 2025, realizado pelo Observatório Softex, revela que as mulheres representam apenas 19,2% dos especialistas em tecnologia da informação (TI) no Brasil, totalizando cerca de 89,7 mil profissionais em um universo de quase 470 mil. Apesar de serem 51,5% da população e ocuparem 44,7% dos vínculos formais de trabalho, a sub-representação feminina persiste em um setor vital para a economia digital.
Desigualdade na Formação e Salários
A desigualdade começa na formação acadêmica, onde apenas 17,8% dos graduados em cursos de TI são mulheres, um aumento de apenas 1,3 pontos percentuais em uma década. Embora as mulheres tenham maior escolaridade, com 63,7% possuindo ensino superior completo, em comparação a 51,1% dos homens, a disparidade salarial é alarmante. As profissionais de TI recebem, em média, R$ 1.618 a menos por mês, o que representa uma diferença de 19,3%. Em funções técnicas, essa diferença é ainda mais acentuada, com programadoras ganhando 25% a menos e tecnólogas 29% a menos.
Representatividade em Cargos de Liderança
A presença feminina em cargos de liderança também apresenta um quadro preocupante. Desde 2015, a participação de mulheres em gerências caiu para 26,2% e em diretorias para apenas 13,1%. A desigualdade se agrava quando se considera a diversidade racial e regional: em estados como Roraima, Amapá e Maranhão, menos de 10% das especialistas em TI são mulheres. Além disso, 59,6% das profissionais são brancas, enquanto apenas 5,5% são mulheres negras.
Contexto Global e Projeções Futuras
Esse cenário não é exclusivo do Brasil. O Global Gender Gap Report 2025 aponta que o mundo levará 123 anos para alcançar a paridade de gênero. No Brasil, o índice de participação e oportunidades econômicas para mulheres caiu para 66,2%, posicionando o país na 96ª posição global. Para alcançar a paridade de gênero no setor de TI até 2030, seria necessário incorporar 53,5 mil mulheres anualmente, mas, se o ritmo atual continuar, esse equilíbrio só será atingido por volta de 2110.
Avanços em Áreas Emergentes
Por outro lado, áreas emergentes da tecnologia apresentam resultados mais promissores. As mulheres já representam 29,8% dos formandos em cursos de Inteligência Artificial, superando a média global de 22%. Na cibersegurança, elas constituem 17% da força de trabalho, e na economia verde digital, essa porcentagem chega a 28%.
Diretrizes para Acelerar a Igualdade de Gênero
O estudo enfatiza que a diversidade não é apenas uma questão social, mas uma estratégia de competitividade. Reduzir a desigualdade de gênero pode impulsionar a inovação e a produtividade, além de contribuir para o cumprimento de metas globais, como a ODS 5, que visa a igualdade de gênero. Para acelerar essa agenda, o W-Tech 2025 propõe sete diretrizes de políticas públicas e corporativas, incluindo diagnósticos sobre formação e mercado, pactuação de metas, monitoramento baseado em dados abertos, e incentivos fiscais para a redução das desigualdades.
Fonte por: Convergencia Digital
Autor(a):
Redação
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