Estudo revela que alta demanda por dados financeiros torna Brasil alvo de carding

Estudo aponta crescimento no preço de cartões brasileiros na dark web e destaca o país como alvo de carding em 2025.

19/11/2025 11:45

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Representação digital de mercado clandestino com fluxos de dados...

Fraudes financeiras em alta no Brasil

O mercado de pagamentos digitais no Brasil tem atraído a atenção de grupos especializados em fraudes financeiras. Um estudo da NordVPN revela que o país se tornou um dos principais alvos para operações de carding, que envolvem o uso de informações de cartões de crédito e débito roubados em mercados clandestinos. A pesquisa aponta um aumento significativo nos preços desses dados, indicando uma pressão crescente entre oferta e demanda no mercado criminoso.

O preço médio global de um cartão roubado gira em torno de US$ 8, mas os valores no Brasil superam essa média, alcançando cerca de US$ 10,70 em 2025, o que representa um aumento de 26% em relação a 2023. Essa elevação no preço destaca a importância do Brasil para redes de fraudes estruturadas, que se beneficiam da alta circulação de cartões e da adoção de meios eletrônicos de pagamento.

Demanda crescente estimula fraude e afeta níveis de exposição

Apesar de os dados brasileiros ainda serem considerados relativamente “baratos” em comparação a mercados mais rigorosos, o aumento no valor dos cartões indica uma maior capacidade de uso e conversão em dinheiro pelos criminosos. O dinamismo do setor financeiro nacional, com múltiplos canais de compra e serviços instantâneos, facilita a realização de testes de autorização sem levantar suspeitas.

Adrianus Warmenhoven, especialista em segurança da NordVPN, explica que o comércio de cartões funciona de maneira segmentada. O processo começa com o roubo dos dados, seguido pela validação técnica em larga escala e, finalmente, a comercialização dos cartões funcionais. Os “validators” desempenham um papel crucial, testando milhares de combinações para identificar quais cartões permanecem ativos, criando um inventário pronto para venda.

A pesquisa revela que 87% dos cartões avaliados permanecem utilizáveis por mais de 12 meses, o que eleva o preço e o interesse nas operações de carding. O mesmo conjunto de dados pode ser revendidos repetidamente antes que o emissor detecte irregularidades, permitindo compras de gift cards e movimentações financeiras prolongadas.

Fluxo industrializado amplia o alcance da atividade criminosa

O ecossistema de fraudes financeiras ligado ao carding opera como um sistema industrial, com grupos dedicados à coleta de informações e outros focados na conversão de cartões válidos em lucro, um processo conhecido como “cash-out”. Técnicas variadas são aplicadas conforme a bandeira do cartão e o perfil do usuário.

A investigação também destaca a predominância dos Estados Unidos nesse cenário, onde mais de 60% dos dados analisados pertencem a usuários norte-americanos. A presença do Brasil entre os mercados emergentes mais atacados evidencia sua posição estratégica na rede global de fraudes digitais, impulsionada pelo volume elevado de transações diárias e pelo crescimento das compras online.

Os preços dos cartões variam conforme a disponibilidade. Mercados com muitos vazamentos tendem a oferecer pacotes de cartões a preços reduzidos, enquanto regiões com ambientes de pagamento mais controlados apresentam valores mais altos, devido à dificuldade de obtenção dos dados e ao potencial de uso prolongado de cada cartão validado.

Atenção redobrada e necessidade de políticas mais robustas

O relatório enfatiza a responsabilidade compartilhada na mitigação de riscos. A NordVPN recomenda que os consumidores adotem práticas de proteção, como monitoramento frequente de extratos, uso de cartões virtuais e ativação de notificações em compras online. Essas ações podem reduzir a exposição e impedir que criminosos validem cartões nas primeiras tentativas de cobrança.

Para as empresas, a pesquisa destaca a importância de sistemas antifraude que analisem em tempo real padrões de pagamento e comportamentos suspeitos. A tokenização de transações e métodos de verificação rigorosos ajudam a limitar o valor comercial dos dados roubados, tornando as operações de carding menos atraentes.

Fortalecer a colaboração entre emissores de cartões, varejistas e provedores especializados é crucial para reduzir o sucesso dessas atividades no Brasil. Ambientes integrados, com alertas rápidos e troca contínua de informações, podem minimizar prejuízos e melhorar a resposta a fraudes.

Com a evolução do ecossistema financeiro brasileiro, criminosos ajustam suas estratégias para explorar novas oportunidades. O aumento no preço dos cartões roubados indica que operações organizadas veem maior potencial de monetização no país. A combinação de vigilância individual, políticas de segurança rigorosas e investimentos em tecnologia é essencial para proteger consumidores e instituições financeiras em um cenário cada vez mais digitalizado.

Fonte por: Its Show

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