Estudo revela que alta demanda por dados financeiros torna Brasil alvo de carding

Estudo aponta crescimento no preço de cartões brasileiros na dark web e destaca o país como alvo de carding em 2025.

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Representação digital de mercado clandestino com fluxos de dados simulando operações de carding.

Representação digital de mercado clandestino com fluxos de dados simulando operações de carding.

Fraudes financeiras em alta no Brasil

O mercado de pagamentos digitais no Brasil tem atraído a atenção de grupos especializados em fraudes financeiras. Um estudo da NordVPN revela que o país se tornou um dos principais alvos para operações de carding, que envolvem o uso de informações de cartões de crédito e débito roubados em mercados clandestinos. A pesquisa aponta um aumento significativo nos preços desses dados, indicando uma pressão crescente entre oferta e demanda no mercado criminoso.

O preço médio global de um cartão roubado gira em torno de US$ 8, mas os valores no Brasil superam essa média, alcançando cerca de US$ 10,70 em 2025, o que representa um aumento de 26% em relação a 2023. Essa elevação no preço destaca a importância do Brasil para redes de fraudes estruturadas, que se beneficiam da alta circulação de cartões e da adoção de meios eletrônicos de pagamento.

Demanda crescente estimula fraude e afeta níveis de exposição

Apesar de os dados brasileiros ainda serem considerados relativamente “baratos” em comparação a mercados mais rigorosos, o aumento no valor dos cartões indica uma maior capacidade de uso e conversão em dinheiro pelos criminosos. O dinamismo do setor financeiro nacional, com múltiplos canais de compra e serviços instantâneos, facilita a realização de testes de autorização sem levantar suspeitas.

Adrianus Warmenhoven, especialista em segurança da NordVPN, explica que o comércio de cartões funciona de maneira segmentada. O processo começa com o roubo dos dados, seguido pela validação técnica em larga escala e, finalmente, a comercialização dos cartões funcionais. Os “validators” desempenham um papel crucial, testando milhares de combinações para identificar quais cartões permanecem ativos, criando um inventário pronto para venda.

A pesquisa revela que 87% dos cartões avaliados permanecem utilizáveis por mais de 12 meses, o que eleva o preço e o interesse nas operações de carding. O mesmo conjunto de dados pode ser revendidos repetidamente antes que o emissor detecte irregularidades, permitindo compras de gift cards e movimentações financeiras prolongadas.

Fluxo industrializado amplia o alcance da atividade criminosa

O ecossistema de fraudes financeiras ligado ao carding opera como um sistema industrial, com grupos dedicados à coleta de informações e outros focados na conversão de cartões válidos em lucro, um processo conhecido como “cash-out”. Técnicas variadas são aplicadas conforme a bandeira do cartão e o perfil do usuário.

A investigação também destaca a predominância dos Estados Unidos nesse cenário, onde mais de 60% dos dados analisados pertencem a usuários norte-americanos. A presença do Brasil entre os mercados emergentes mais atacados evidencia sua posição estratégica na rede global de fraudes digitais, impulsionada pelo volume elevado de transações diárias e pelo crescimento das compras online.

Os preços dos cartões variam conforme a disponibilidade. Mercados com muitos vazamentos tendem a oferecer pacotes de cartões a preços reduzidos, enquanto regiões com ambientes de pagamento mais controlados apresentam valores mais altos, devido à dificuldade de obtenção dos dados e ao potencial de uso prolongado de cada cartão validado.

Atenção redobrada e necessidade de políticas mais robustas

O relatório enfatiza a responsabilidade compartilhada na mitigação de riscos. A NordVPN recomenda que os consumidores adotem práticas de proteção, como monitoramento frequente de extratos, uso de cartões virtuais e ativação de notificações em compras online. Essas ações podem reduzir a exposição e impedir que criminosos validem cartões nas primeiras tentativas de cobrança.

Para as empresas, a pesquisa destaca a importância de sistemas antifraude que analisem em tempo real padrões de pagamento e comportamentos suspeitos. A tokenização de transações e métodos de verificação rigorosos ajudam a limitar o valor comercial dos dados roubados, tornando as operações de carding menos atraentes.

Fortalecer a colaboração entre emissores de cartões, varejistas e provedores especializados é crucial para reduzir o sucesso dessas atividades no Brasil. Ambientes integrados, com alertas rápidos e troca contínua de informações, podem minimizar prejuízos e melhorar a resposta a fraudes.

Com a evolução do ecossistema financeiro brasileiro, criminosos ajustam suas estratégias para explorar novas oportunidades. O aumento no preço dos cartões roubados indica que operações organizadas veem maior potencial de monetização no país. A combinação de vigilância individual, políticas de segurança rigorosas e investimentos em tecnologia é essencial para proteger consumidores e instituições financeiras em um cenário cada vez mais digitalizado.

Fonte por: Its Show

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