Goiás se destaca em inteligência artificial com investimentos significativos
Em 2019, o governo de Goiás investiu R$ 12 milhões na criação do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (Ceia), com a meta inicial de atrair outros R$ 12 milhões do setor privado em cinco anos. No entanto, cinco anos depois, o Ceia já captou mais de R$ 300 milhões em investimentos, evidenciando um crescimento inesperado no ecossistema de inovação do centro-oeste brasileiro.
A estratégia de Goiás em inteligência artificial se tornou fundamental para posicionar o estado como uma alternativa viável aos tradicionais polos de inovação do Brasil. Com mais de R$ 30 milhões em investimentos públicos, acesso a laboratórios avaliados em R$ 80 milhões e programas que conectam startups às demandas governamentais, o estado já apoiou mais de 170 empresas de tecnologia. O próximo passo é a criação de um distrito de inovação na capital, em parceria com o Porto Digital de Recife.
Legislação e apoio ao setor de IA
Goiás se destaca por ser o primeiro estado brasileiro a aprovar uma legislação específica para regulamentação e fomento à inteligência artificial, enquanto o projeto de lei federal ainda está em tramitação. O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, José Frederico Lyra Netto, afirma que a abordagem do estado é única, focando nas capacidades e interesses locais, em vez de simplesmente replicar modelos europeus.
O apoio financeiro para startups varia entre R$ 20 mil e R$ 200 mil em recursos não reembolsáveis. O programa Epicentro da IA, considerado a maior incubadora da América Latina no setor, destinou R$ 2 milhões para dez startups selecionadas, cada uma recebendo R$ 200 mil, além de créditos de computação em nuvem da AWS e participação em um programa de internacionalização com a Nvidia.
Infraestrutura e capacitação de profissionais
A infraestrutura do Ceia é um dos principais atrativos, com laboratórios de inteligência artificial, realidade estendida, robótica e um supercomputador, recursos que normalmente estariam disponíveis apenas para grandes empresas. O Centro de Competência em Tecnologias Imersivas (Akcit), criado no final de 2023, já capacitou cerca de 3 mil profissionais e atraído 220 startups.
O foco do Ceia é em projetos com nível de maturidade tecnológica entre 3 e 6, onde as pesquisas começam a se transformar em soluções com potencial de mercado. A missão do centro é transformar ciência em negócios de forma rápida e com impacto econômico, criando soluções que emergem do ambiente de pesquisa.
Inovação e parcerias estratégicas
Uma das iniciativas mais eficazes é o programa de GovTech, que conecta desafios das secretarias estaduais às startups, gerando contratos-piloto e reduzindo riscos comerciais. O secretário Lyra Netto destaca que a adoção de inovações pela administração pública acelera a validação de produtos e abre oportunidades para as empresas.
O Pacto Goiás pela Inovação, que reúne mais de 80 entidades, é fundamental para formalizar colaborações e definir metas conjuntas. A rede inclui convênios com universidades e institutos de ciência e tecnologia para projetos aplicados e programas de pesquisa.
Educação e futuro da inteligência artificial em Goiás
A Universidade Federal de Goiás criou a primeira graduação em inteligência artificial do Brasil, que já apresenta o maior ponto de corte entre as graduações da universidade, superando Medicina. Essa demanda reflete a necessidade do mercado por profissionais qualificados. O centro também oferece formação prática e empreendedora, abordando gestão, modelagem de negócios e soft skills.
Para reter talentos, Goiás oferece bolsas competitivas e oportunidades de desenvolvimento em projetos com empresas e governo. O estado busca não apenas evitar a fuga de cérebros, mas também criar um polo onde é possível realizar pesquisas de ponta e desenvolver soluções com impacto global.
Perspectivas futuras e desenvolvimento regional
O próximo passo é a criação de um distrito de inovação em Goiânia, com a inteligência artificial como base, em parceria com o Porto Digital. O projeto visa concentrar empresas de tecnologia, universidades e centros de pesquisa em uma área da capital, promovendo regeneração urbana e urbanismo humanizado.
As metas para os próximos cinco anos incluem consolidar Goiás como referência nacional em deep tech, ampliar a rede de hubs no interior do estado e aumentar o acesso a capital de risco. O foco está em áreas como inteligência artificial, cidades inteligentes, agritechs e govtechs, com a visão de transformar Goiás em um polo tecnológico exportador de inovação e conhecimento.
Fonte por: It Forum
