Governança de Papel: Deficiências em controles internos ligam Grupo Mateus e Banco Master
Crise contábil do Grupo Mateus e implosão do Banco Master expõem fragilidade dos controles internos em empresas com governança estruturada.
Crise Contábil e Fragilidade dos Controles Internos
Recentemente, a crise contábil do Grupo Mateus e a implosão do Banco Master evidenciaram um problema comum: a fragilidade dos controles internos em empresas com governança formalmente estruturada. Apesar de atuarem em setores distintos, ambos os casos revelaram que os mecanismos de governança existentes eram insuficientes para evitar erros e fraudes.
O que ocorreu com o Grupo Mateus
Em novembro de 2025, o Grupo Mateus reconheceu que superestimou o valor de seus estoques em aproximadamente R$ 1,1 bilhão, devido a um erro no cálculo do custo médio das mercadorias vendidas. Essa falha resultou em uma significativa redução de seu patrimônio líquido e uma queda de quase 14% no valor de suas ações.
Auditorias anteriores já haviam identificado deficiências nos controles internos da empresa, especialmente no processo de inventário e avaliação de estoque. No entanto, essas falhas não foram corrigidas, mesmo após a implementação de um comitê de auditoria, evidenciando uma falha na supervisão e no monitoramento contínuo.
O colapso do Banco Master
Na mesma época, o Banco Central do Brasil determinou a liquidação do Banco Master após investigações da Polícia Federal que revelaram um esquema de emissão de títulos de crédito fraudulentos, resultando em uma fraude estimada em R$ 12,2 bilhões. O banco possuía uma estrutura formal de governança, incluindo comitê de auditoria e conselho consultivo, mas os controles falharam gravemente.
Fatores como conflitos de interesse, due diligence deficiente e falta de segregação de funções permitiram que fraudes e produtos problemáticos passassem despercebidos, demonstrando que a governança formal não foi suficiente para evitar a crise.
A conexão entre os casos: governança de papel e controles ineficazes
Apesar das diferenças entre o varejo e o setor bancário, ambos os casos compartilham a adoção de estruturas formais de governança que não funcionaram na prática. A presença de comitês de auditoria e conselhos não foi suficiente para impedir:
- Decisões financeiras e operacionais arriscadas;
- Conflitos de interesse e concentração de poder;
- Supervisão e monitoramento inadequados;
- Falta de uma cultura de integridade e compliance.
Portanto, ter uma governança apenas no papel, sem efetividade, não é suficiente para evitar desastres.
A importância de controles internos robustos e supervisão independente
Os casos do Grupo Mateus e do Banco Master ressaltam a necessidade de controles internos consistentes e de uma supervisão independente. Aqui estão algumas recomendações baseadas em boas práticas:
Por que controles internos fortes são essenciais
1. Prevenção de erros e fraudes: Controles eficazes são a primeira linha de defesa contra falhas contábeis e manipulações.
2. Transparência e confiabilidade: Erros ou fraudes afetam a confiança do mercado e a reputação da empresa.
3. Resiliência em crises: Empresas com controles sólidos tendem a detectar problemas mais cedo e a agir de forma eficaz.
Por que a independência da supervisão é vital
É fundamental que os conselhos e comitês de auditoria sejam compostos por membros independentes, sem vínculos diretos com a gestão. Além disso:
- A auditoria interna deve ter autonomia e reportar-se diretamente a um comitê independente;
- A governança deve ser dinâmica, com reuniões regulares e análise de riscos;
- A cultura de compliance deve ser promovida em toda a organização.
Governança eficaz: mais do que papéis, é prática
Os casos do Grupo Mateus e do Banco Master demonstram que não basta ter uma governança de vitrine. Controles internos frágeis e falta de supervisão independente podem levar a desastres significativos, como perda de patrimônio e colapso institucional.
Portanto, é crucial que empresas de todos os setores adotem uma estrutura de governança realista, com controles internos robustos e equipes independentes de auditoria e supervisão, conforme recomendado por padrões profissionais.
Fonte por: Its Show
Autor(a):
Redação
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