Polícia espanhola desmantela rede GXC e captura mentor brasileiro

Polícia espanhola desmantela GXC Team e captura GoogleXcoder, brasileiro à frente de rede global de fraudes com IA.

15/10/2025 11:15

4 min de leitura

GXC: Policial cibernético prende hacker em operação internacional, com telas exibindo códigos e alertas de segurança digital em ambiente tecnológico.
GXC: Policial cibernético prende hacker em operação internaciona...

Prisão de Mentor de Rede Criminosa na Espanha

A Guarda Civil da Espanha, em colaboração com a empresa de ciberinteligência Group-IB, prendeu um brasileiro de 25 anos, conhecido online como GoogleXcoder, que é considerado o mentor da rede criminosa GXC Team. Este grupo é uma das organizações de crime cibernético como serviço (CaaS) mais ativas do mundo, oferecendo kits de phishing e malwares com inteligência artificial para fraudadores em diversos países. As ações do GXC causaram prejuízos de milhões de euros a bancos, empresas e usuários em pelo menos cinco nações, incluindo Brasil, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.

Operação Internacional e Prisões

A prisão ocorreu em San Vicente de la Barquera, na Cantábria, após um ano de investigação. A operação incluiu seis mandados de busca em cidades como Barcelona, Zaragoza, Valladolid e Palma de Mallorca, resultando na apreensão de equipamentos eletrônicos, servidores, registros de criptomoedas e códigos-fonte de ferramentas criminosas.

De acordo com a Group-IB, a GXC operava de forma descentralizada, utilizando plataformas de mensagens e servidores distribuídos para comercializar suas ferramentas. Outros membros da organização também foram presos, e diversos dispositivos contendo dados de clientes criminosos e registros financeiros foram confiscados.

Os investigadores relataram que GoogleXcoder vivia como um nômade digital, mudando-se frequentemente entre regiões da Espanha, utilizando identidades falsas para alugar imóveis e registrar novas linhas telefônicas, a fim de evitar rastreamento.

A Estrutura da Rede GXC

Fundada no início de 2023, a GXC rapidamente se tornou um provedor global de cibercrime sob demanda. Em vez de realizar ataques diretamente, o grupo oferecia ferramentas prontas para que outros criminosos pudessem conduzir fraudes, caracterizando-se como Crime-as-a-Service (CaaS).

Entre os produtos mais vendidos estavam:

  • Kits de phishing com IA: pacotes que permitiam criar réplicas de sites bancários e portais governamentais, afetando mais de 30 instituições internacionais.
  • Malware Android camuflado: aplicativos que interceptavam mensagens SMS e capturavam códigos OTP, se disfarçando como o app de mensagens padrão do dispositivo.
  • Golpes de voz com IA: vozes sintéticas que ligavam para as vítimas se passando por representantes de bancos, solicitando códigos de autenticação de dois fatores.

A rede também utilizava canais no Telegram, incluindo um grupo chamado “Roubar tudo das avós”, onde os cibercriminosos comercializavam suas ferramentas e compartilhavam instruções.

Escala e Impacto Global

As ferramentas da GXC foram responsáveis pela criação de mais de 250 sites falsos, com nove variantes distintas de malware identificadas pela Group-IB. A rede facilitou o roubo de milhões de euros em transferências não autorizadas, principalmente de contas bancárias europeias.

A investigação contou com o apoio da Interpol e de autoridades de cibersegurança de outros países, incluindo o Brasil, onde algumas vítimas foram identificadas. A cooperação internacional foi crucial para rastrear o fluxo financeiro do grupo, que utilizava criptomoedas e carteiras anônimas para movimentar os lucros ilícitos.

Especialistas destacam que o uso de inteligência artificial está ampliando o alcance das fraudes digitais, permitindo que cibercriminosos automatizem e escalem ataques com um realismo sem precedentes.

Desafios e Aprendizados para o Setor de TI

O caso do GXC Team destaca a necessidade urgente de estratégias de defesa baseadas em IA e análise comportamental nas instituições financeiras e corporações. Ferramentas tradicionais, como bloqueio de phishing e autenticação via SMS, já não são suficientes diante da sofisticação dos golpes automatizados.

Executivos de segurança da informação e líderes de TI devem estar cientes de que o modelo CaaS democratizou o acesso ao cibercrime, permitindo que até mesmo criminosos sem conhecimento técnico lancem ataques em minutos.

Especialistas sugerem que a implementação de autenticação multifatorial robusta, aliada a políticas de zero trust e monitoramento contínuo, será fundamental para mitigar novas ondas de ataques. Além disso, a colaboração entre governos, forças policiais e o setor privado é essencial para desmantelar infraestruturas criminosas e prevenir reestruturações rápidas.

A operação que resultou na prisão do GXC Team representa um marco na luta global contra o crime cibernético impulsionado por IA, evidenciando a necessidade de vigilância constante e investimento em tecnologias preditivas para proteger o ecossistema de TI e telecomunicações.

Fonte por: Its Show

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