Setor de telecomunicações no Brasil registra crescimento abaixo de 1%

Relatório destaca progresso do FTTH, desafios do 5G e alerta sobre sustentabilidade no mercado de telecomunicações. Teles buscam novas receitas.

01/10/2025 19:15

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Setor de telecomunicações no Brasil registra crescimento abaixo de 1%
(Imagem de reprodução da internet).

Futurecom 2025: Brasil se Destaca em Conexões de Fibra Óptica

Na 30ª edição da Futurecom 2025, a Omdia divulgou o estudo “The State of Business in Latin America”, que revela que o Brasil ocupa a quarta posição global em crescimento de conexões FTTH (fiber to the home), superado apenas por China, Índia e EUA. No segundo trimestre, o país registrou 3,5 milhões de novas conexões de fibra, alcançando uma penetração de 49,3% nos lares. Esse crescimento destaca a importância da fibra óptica na digitalização e em tecnologias como IoT, nuvem e inteligência artificial.

Cenário do Setor de Telecomunicações

De acordo com Ari Lopes, gerente sênior da Omdia, a receita global do setor de telecomunicações atingiu US$ 1,6 trilhão em 2024, com um crescimento modesto de 1,9%. Na América Latina, a receita foi de US$ 113 bilhões, com um avanço de apenas 1,8%. No Brasil, o crescimento foi ainda mais baixo, de 0,7%. Lopes enfatiza que as operadoras precisam buscar novas fontes de receita, já que o modelo tradicional de conectividade está se aproximando de um limite de crescimento.

Desigualdade na Implantação do 5G

Apesar do avanço nas conexões de fibra, o relatório aponta que a implantação do 5G na região é desigual. Brasil e México concentram 79% das conexões 5G, embora representem apenas 51% das linhas móveis. Em países como Argentina e Colômbia, os leilões de espectro ocorreram apenas no final de 2023, resultando em um desenvolvimento lento da tecnologia. Atualmente, o Brasil possui cerca de 44 milhões de conexões 5G, com uma penetração de apenas 20% da população, bem abaixo dos 85% dos EUA.

ARPU e Sustentabilidade do Setor

O estudo também destaca o comportamento do ARPU (receita média por usuário), que tem crescido abaixo da inflação na maioria da região. O Brasil é uma exceção, com um aumento acima da inflação desde 2022, devido à reestruturação de preços e à migração de clientes do pré para o pós-pago. No entanto, o ARPU brasileiro ainda está abaixo da média latino-americana, e a Omdia projeta um crescimento médio de 2% ao ano até 2029.

A sustentabilidade do setor é outro ponto crítico abordado no relatório. Em vários países, operadoras com baixa participação de mercado enfrentam margens de EBITDA reduzidas, chegando a apenas 9%. A intensa competição em mercados como Chile e Peru resultou em guerras de preços, afetando a saúde financeira das empresas. Lopes alerta que muitas operadoras estão mais focadas em sobreviver do que em planejar o futuro.

Oportunidades para o Brasil

O Brasil é visto como uma exceção na América Latina, com as três maiores operadoras — Vivo, Claro e TIM — apresentando margens de EBITDA superiores a 40%. Isso cria uma oportunidade para que o mercado brasileiro se prepare para um novo ciclo de crescimento. Lopes destaca que o Brasil possui estrutura para investir em inovação e novas ofertas, e deve aproveitar esse momento para se diferenciar na região.

Por fim, o estudo sugere que a inteligência operacional não deve ser uma prioridade imediata para as operadoras. Em vez disso, elas devem focar em tecnologia como uma estratégia para reduzir custos, melhorar a experiência do cliente e aumentar a eficiência operacional. A concentração de mercado, embora inevitável em alguns casos, pode ser benéfica se resultar em empresas mais sustentáveis e capazes de investir no futuro, garantindo a continuidade dos investimentos em conectividade.

Fonte por: Convergencia Digital

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