Crescimento de data centers para IA no Brasil revela necessidade urgente de resiliência energética

Desafios dos Data Centers e Inteligência Artificial no Brasil

O crescimento acelerado de data centers projetados para atender demandas de Inteligência Artificial (IA) no Brasil está gerando uma pressão significativa sobre a infraestrutura energética e a cadeia de suprimentos do país. Especialistas alertam que, sem um planejamento eficaz e estratégias de resiliência, o Brasil pode perder sua competitividade em um momento crucial, quando se posiciona como um hub regional para operações digitais de grande porte.

Crescimento Impulsiona Novas Exigências Técnicas

A evolução do setor de data centers está em um novo ciclo, caracterizado por ambientes de alta densidade e soluções de resfriamento inovadoras. Essa transformação é impulsionada pelo aumento das aplicações de IA generativa e pelo processamento de grandes volumes de dados em tempo real. De acordo com o relatório Data Centre Construction Cost Index 2025-2026, a disponibilidade de energia se tornou o principal desafio para a entrega de projetos dentro dos prazos estabelecidos.

No Brasil, essa pressão é intensificada pela complexidade dos processos de conexão à rede elétrica e pela variabilidade regional na oferta de energia. A indústria está se adaptando, migrando de sistemas de resfriamento a ar para soluções de resfriamento líquido, essenciais para operar clusters de GPUs. Contudo, 83% dos líderes do setor afirmam que as redes de suprimentos locais ainda não estão preparadas para atender a essa demanda crescente.

Pressão sobre Prazos, Custos e Viabilidade

Os data centers convencionais enfrentam uma inflação média de 5,5% nos custos de construção, enquanto os projetos voltados para IA apresentam um aumento de 7% a 10% em mercados consolidados, como os Estados Unidos. Isso se deve a especificações técnicas mais rigorosas e a requisitos elétricos mais exigentes. No Brasil, essa pressão financeira é acompanhada por um paradoxo: o país é competitivo em custos de construção, mas a modernização da infraestrutura energética não acompanha o ritmo necessário.

São Paulo e Campinas se destacam como polos estratégicos, atraindo grandes operadores e investimentos;
A expansão depende de energia estável e abundante, essencial para viabilizar projetos.

Cadeias de Suprimentos Precisam de Nova Arquitetura

A modernização dos data centers requer um planejamento energético eficaz e uma colaboração integrada entre fabricantes, distribuidores e empreiteiras. A implementação de soluções de resfriamento líquido e infraestrutura elétrica redundante exige fornecedores especializados e cadeias logísticas confiáveis. A diretora de Real Estate da Turner & Townsend no Brasil destaca que o país tem potencial para liderar a evolução dos data centers na América Latina, mas isso depende de estratégias de aquisição mais robustas e diversificação de fornecedores.

Competitividade Global: Custo Não é Tudo

O índice global de custos revela que Tóquio lidera com US$ 15,2 por watt, seguida por Singapura e Zurique. Apesar de o Brasil apresentar custos mais acessíveis, o país enfrenta o desafio de equilibrar a competitividade financeira com a preparação técnica e energética necessária para sustentar data centers de próxima geração.

A expansão dos data centers voltados para IA no Brasil exige não apenas investimentos, mas também uma coordenação eficaz entre o setor privado, o governo e as concessionárias de energia. A capacidade do país de se estabelecer como referência na América Latina dependerá da adoção de modelos de planejamento antecipado e do fortalecimento da infraestrutura elétrica.

O momento é oportuno: se o Brasil conseguir superar os desafios e fortalecer sua base energética, poderá desempenhar um papel central na nova economia digital impulsionada pela IA. Caso contrário, o setor poderá enfrentar atrasos, aumento de custos e perda de competitividade em um dos mercados mais estratégicos da década.

Fonte por: Its Show