Patricia Peck alerta: sem agência própria, cibersegurança pode se tornar “puxadinho digital”

Projeto de Lei de Cibersegurança no Senado gera debate sobre política nacional para combater vulnerabilidades digitais no Brasil, afirma Patricia Peck.

14/11/2025 9:15

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Patricia Peck. Foto: Divulgação

Avanço do Projeto de Lei de Cibersegurança no Brasil

O Projeto de Lei de Cibersegurança em tramitação no Senado reacende o debate sobre a necessidade de uma política nacional que minimize a vulnerabilidade do Brasil a ataques digitais. Especialistas apontam que a estrutura proposta ainda não é suficiente para enfrentar a urgência do problema, destacando a falta de uma abordagem robusta e integrada.

Patricia Peck, advogada e especialista no tema, critica a atual proposta, afirmando que o Brasil precisa de uma estrutura sólida e não de soluções improvisadas. Ela ressalta que o país deveria ser uma referência em cibersegurança, dada a quantidade de ameaças enfrentadas.

Desenho da Agência de Cibersegurança

Um dos aspectos mais debatidos do projeto é a criação do órgão responsável pela coordenação da política nacional de cibersegurança. As opções incluem fortalecer agências existentes, como a Anatel e o GSI, ou estabelecer uma nova agência dedicada exclusivamente ao tema.

Patricia defende a criação de uma nova agência, argumentando que alternativas como a Anatel não possuem a governança necessária para regular setores diversos de forma eficaz. Ela também aponta que o GSI carece da estrutura e autonomia adequadas para lidar com a cibersegurança no setor privado.

Obrigatoriedade de Reporte de Incidentes

Outro ponto central do projeto é a obrigatoriedade de que empresas relatem incidentes significativos de cibersegurança ao governo. Embora a proposta siga uma tendência global, a falta de definições claras pode gerar confusão e sobrecarga para as empresas.

Patricia sugere um modelo que combine critérios quantitativos e qualitativos para classificar os incidentes, permitindo que o governo priorize aqueles que realmente ameaçam a infraestrutura crítica do país.

Financiamento e Governança

A proposta atual vincula o financiamento do programa ao Fundo Nacional de Segurança Pública e às loterias federais, o que gera preocupações sobre a possibilidade de desvio de recursos. Patricia enfatiza a necessidade de uma governança forte para garantir que os fundos sejam utilizados de forma eficaz em cibersegurança.

Ela propõe a criação de metas legais, relatórios públicos e incentivos fiscais para empresas que investirem em segurança digital, além de integrar a discussão com a reforma tributária para estimular investimentos na área.

Desafios para as Empresas

Se aprovado, o projeto trará mudanças significativas na governança corporativa, especialmente para pequenas e médias empresas que enfrentam limitações orçamentárias e de pessoal. Patricia destaca quatro desafios principais: falta de estrutura técnica, necessidade de integração entre áreas, dificuldades em manter registros e aumento dos custos de implementação.

Ela também defende a criação de um cargo dedicado à segurança da informação, semelhante ao encarregado de dados da LGPD, para fortalecer a resposta a incidentes e reduzir a vulnerabilidade do Brasil a ataques cibernéticos.

Referências Internacionais e Desafios Culturais

Enquanto o Brasil ainda discute conceitos básicos, países como Argentina e Chile avançam em suas políticas de cibersegurança, inspirando-se em modelos internacionais. Para alcançar padrões globais, Patricia sugere a adoção de frameworks reconhecidos e uma melhor articulação entre segurança digital e privacidade.

Os principais desafios enfrentados pelo Brasil são de natureza institucional e cultural, com a fragmentação entre órgãos públicos dificultando a definição de liderança e a coordenação necessária para avanços significativos na área de cibersegurança.

Fonte por: It Forum

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